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Criou-se em Vila Viçosa, ao longo das últimas décadas, o gosto por coleccionar fotografias antigas com temáticas da Vila. Algumas das pessoas que as coleccionam praticam com frequência a troca dessas fotos, um pouco à maneira das trocas de cromos entre os adolescentes.  

Daí resultaram algumas extensas coleccões Da selecção de fotos de uma delas resultou a exposição Rua do Tempo.

Os visitantes fazem comentários sobre algumas dessas fotos comparando-as com as suas memórias e aspectos actuais, e levantam questões.

A procura de esclarecimento para algumas dessas questões levou a que a sala Khôra funcionasse como uma Oficina da Memória.  

Algumas das conclusões a que se foi chegando e, por outro lado, o interesse em alargar o debate, levaram à publicação de um Boletim que intitulamos SINO DO CARRACENA.  

Aqui vamos publicar algumas das fotos que levantam mais questões e inscreveremos os comentários e esclarecimentos que nos forem chegando. 

A Porta de Olivença dava acesso à parte inferior de um baluarte (ou "ponta de estrela"), que ainda lá está, mas em muito mau estado.
Um rapaz viu a fotografia da reparação da brecha feita na muralha pelos sapadores italianos que integravam, junto com flamengos e alemães, o exército de Filipe IV em 1665, e disse que ainda se via nas muralhas actuais uma zona com pedras de aspecto diferente e que formavam uma mancha com aquela forma. Fomos fotografar. 
Reparação na década de 30 do século XX de uma brecha aberta por uma mina dos sbrecha aberta padores italianos durante o cerco do exército deFilipe IV em 1665. Até esta década, o Cerco do Caracena não podia deixar de fazer parte da memória social de Vila Viçosa.
Castelo de Vila Viçosa: construção da Avenida dos Duques de Bragança pelo regime de Salazar nos anos 40, destruindo parte das fortificações com que a vila se defendeu, em 1665, do cerco pelos exércitos comandados pelo Marquês de Caracena ao serviço de Filipe IV. Parte da fortificação era formada, no século XVII, por estacas de madeira, mas mesmo depois destas terem sido removidas, a memória social de Vila Viçosa impunha a deso lugar guardasse a designação popular de Estacada.
O menino é o Alexandre, neto do Nelo Toscano que brincava nos restos da Estacada há 50 e 60 anos; antes de ser construído o edifício dos Correios.. 

Ateliê da Memória

Castelo de Vila Viçosa: construção da Avenida dos Duques de Bragança pelo regime de Salazar nos anos 40, destruindo parte das fortificações com que a vila se defendeu em 1665 do cerco pelos exércitos comandados pelo Marquês de Caracena ao serviço de Filipe IV. Em primeiro plano, uma das "pontas de diamante" onde ocorreu um episódio heróico de resistência protagonizado por um anónimo defensor, que consta d um dos relatos da época  retomado nas Memórias d Vila Viçosa do Pde J. Espanca no final do século XIX. Ao fundo, é visível a Porta de Évora, que o regime tinha acabado de construir, sobrepondo a evocação de um medieval castelo altaneiro à memória da Estacada e dos fheróica resistência ao cerco do sec XVII
O ateliê de Memória Social que funciona em Khora/Rossio recuperou uma fotgrafia onde se vê o tipo e grau de intervenção do regime de Salazar no Castelo d Vila Viços. Aqui o início da construção de um segundo torreão na Porta de Évora.
A Porta de Olivença só recebeu novas ameias, e foi "libertada" dos reforços do sec XVII.  
Em cima, pode ver-se como a muralha medieval terminava no fosso do castelo artilheiro. 
Fotografias da abertura da Avenida dos Duques de Bragança sob orientação de Duarte Pacheco cerca de 1940. Estava a ser destruída a Estacada e ia ser destruída a ponta da uma das estrelas ou baluartes que permitiram aos portugueses resitir ao ataque e cerco do Exército de Filipe IV de Espanha durante 9 dias; até o grosso do exército português, vindo de Estremoz, desbaratar o exército espanhol em Montes Claros a 17 de junho de 1665.
 
Em troca dos testemunhos desse momento crucial da História que garantiu a independência de Porugal, o salazarismo pôs lá uma Porta de Évora falsamente medieval.
 
Quando os velhos (é um título onorífico) cá da terra são confrontados com isto,  os que só se lembram de ver aquilo já feito, mas ainda fresquinho, dizem: Pois! Mas havia lá um arco meio caído, não havia?
Nas fotos só se vê o arco onde estava o sino de rebate. No sítio da porta não há nada! Pois... Dizem com ar de quem tem dificuldade em acreditar no que vê.
 
Aos historiadores profissionais, temos que perguntar:  Isto não são fontes primárias?  Quais são as duas histórias que aqui estão em causa?  
E para quem percebe que há aqui também uma história de manipulação simbólica e da sua apropriação nos últimos 80 anos, fica claro porque é que a pesquisa que se faz na Khôra é histórico-antropológica. Na Khôra não há a mínima pretenção historigráfica e não se quer fazer qualquer discurso historicista.  Mas estamos atentos à política da memória.

© 2016 KHÔRA Rua Florbela Espanca 6 e 8 VILA VIÇOSA

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