Saír do Buraco, pelo Ordenamento do Território

Publicado por José Manuel Pombeiro Filipe · 27 de novembro de 2018 · em Khôra @kalikhora
Há que tirar os olhos do buraco, levantar a cabeça e olhar para o território!
Nem a Câmara Municipal de Borba, nem a de Vila Viçosa, deviam ou podiam ter aceitado a desclassificação da EN 255, sem exigir que as administrações central e regional se envolvessem e empenhassem no ordenamento previsto no Plano de Reordenamento da Zona do Mármore (PROZOM), e dessem a esse Plano um alcance que fosse para além dos problemas mais estritamente ligados às industrias ligadas ao mármore, ou ao seu impacto na paisagem e nos recursos hídricos. É isso que temos que fazer agora em condições mais dramáticas e com o poder local (e as comunidades) enfraquecidos política e economicamente. Só a consciencialização e mobilização das comunidades pode compensar esse enfraquecimento do poder local e o abandono pelo poder central.
As palavras ordenamento e território podem parecer abstractas e típicas de uma linguagem tecno-burocrática. Numa linguagem mais corrente e emocional, o território é A Minha Terra e a Gente com quem vivo nessa Terra, com quem partilho a memória de uma história comum, a Nossa Terra, com os recursos de cuja elaboração dependem as nossas vidas presentes, onde projectamos o nosso futuro, de cuja partilha e troca depende a coesão social e o nosso poder colectivo, num mundo onde é a competição de regiões e comunidades territoriais que começou por ser global. Ordenamento é um conceito abstracto, um instrumento administrativo e de planificação com que frequentemente alguns manipulam o território – as Nossas Terras – por cima das nossas cabeças, do nosso entendimento, das nossas vontades individuais. Mas é também um instrumento, uma instância política em função do qual podemos discutir e articular as nossas vontades e interesses, construir uma vontade colectiva, articular com o contributo de conceitos e instrumentos de várias ciências e saberes profissionais, e usá-lo como instrumento face ao poder central.
A ideia de ordenamento fica mais acessível se a concretizamos nas nossas condições de vida, na sanidade e sustentabilidade ambiental, na compatibilidade de usos dos recursos, a começar pelo espaço, mas com forte impacto nos tempos das nossas vidas. Para as comunidades de Borba e Vila Viçosa, de Bencatel, do Barro Branco, da Nora, e de Pardais e talvez mesmo para as de Rio de Moinhos e do Alandroal, isso significa hoje, dramaticamente, perspectivas de emprego, mobilidade, acessibilidade a escolas, a locais de trabalho e de abastecimento, acessibildade convidativa a turistas, abastecimento de água, viabilidade de uso de transportes públicos.
A interrupção de uma estrada, devorada por uma indústria em decadência (que de uma forma ou de outra teve repercussões na história das nossas vidas) faz com que os efeitos do ordenamento, e da falta dele, sejam muito concretos e visíveis para todos os que vivem neste território que a administração central visou com o PROZOM. Mas há muito a falar sobre esses efeitos e o modo de os evitar ou promover. É o que me proponho fazer em três publicações:
I – Tirar os olhos do buraco, para ver um buraco maior.
II – Levantar a cabeça e falar uns com os outros, olhos nos olhos, e olhos no território. (que talvez se desdobre numa terceira publicação):
III – Construir uma Paisagem Cultural que possa ser a base física sustentável em que possamos projectar futuros num mundo em mudança acelerada e de horizontes incertos, se não mesmo ameaçadores)
Falar quer também dizer ouvir os outros. È preciso que todos falem, se falem. O Facebook é um espaço para isso. Fico à espera, em Khôra ou em qualquer outra página para que me convide alguém que queira promover essa conversa. Não tenham medo de se comprometer com as vossas palavras. São caminhos possíveis do nosso futuro que estão comprometidos. Uns prejudicaram-no pelas suas acções, todos, uns mais directamente, outros menos, compremetemos esse futuro com as nossas inacções, com os nossos silêncios.


Saír do Buraco, pelo Ordenamento do Território
I –
Agora que foi retirado o último corpo das vítimas da derrocada, tiremos os olhos do buraco... para ver um buraco maior. Não vou discutir responsabilidades criminais ou do foro civil em relação às vítimas. Nem sequer vou levantar aqui a questão da responsabilidade política pelos riscos que correram todos os que passaram naquela estrada nos últimos anos. O buraco em que me quero focar é outro, e as populações de Borba e Vila Viçosa vão continuar a andar às voltas nele, sem que possam esperar que os órgãos políticos autárquicos consigam entrar um caminho para dele sair, pelommenos enquanto não perceberem como podem e devem usar os instrumentos do ORDENAMENTO DO TERRITORIO.
Olhemos agora na perspectiva de Borba, porque da perspectiva mais geral já falei noutra publicação em Khôa,e à de Vila Viçosa voltarei numa próxima publicação, depois de ver o que há de novo naquele delírio que é a candidatutra da Vila a Património da Humanidade. Comparável à promoção de Borba a cidade, e que tanto emproamento parce dar a uns e aos outros; se bem que, aos de Vila Viçosa, emproamento foi coisa que nunca lhes faltou.
A Câmara Municipal de Borba não devia, nem podia, ter aceitado a desclassificação da EN 155 sem ser no quadro de um reordenamento de toda a Zona do Mármore, nomeadamente da Unidade de Ordenamento UNOR2, e de um plano económico que tivesse em conta a decadência da indústria de extracção, se não também a de transformação. Fê-lo talvez embalada pela vaidade da elevação a cidade, ou pensando que isso libertaria o núcleo urbano do atravessamento por uma estrada nacional. Mas, tal como o fecho da circulação ferroviária não foi aproveitado para uma expansão ordenada para Oeste, a desclassificação da EN 255 não levou a uma reorganização da circulação no centro da vila nem a um recentramento desta, eventualmente desejável para a sua sociabilidade. Não criaram uma circular estruturante que, seguindo o traçado da antiga via férrea, ligasse três ou quatro rotundas, entretanto construídas a S e O, com o acesso à EN 4 pelo Norte. É certo que repavimentaram com passeios a Rua Marquês de Marialva e abriram o acesso pedonal da Av 25 Abril e do palácio sede da CMB à Praça do Povo, através do que resta do Castelo, muito beneficiando a vivência nesses espaços. Mas, como alternativa à circulação rodoviária no ângulo Sul do que é o polígono triangular do centro urbano, criaram um percurso que passa por uma “rotunda em plano inclinado”, na proximidade de uma sede camarária e de um parque escolar e outros importantes equipamentos sociais, que é inimaginável em qualquer cidade. E essa alternativa dá depois acesso (por uma série de encruzilhadas e pelos estreitos e mal definidos arruamentos que são as ruas 1º de Maio e de São Bartolomeu) ao antigo percurso da EN 255; que, suponho, por ser a única via no lado Oeste do polígono triangular que circunda o centro, se veem obrigados a manter com duplo sentido de trânsito para aceder à entrada Norte pela EN 4 e ao lado Norte do referido polígono. Aí, uma série de arruamentos entre antigos conventos e simpáticas praças e largos leva-nos à Igreja de Nª Srª da Conceição e à rua que dela toma o nome, mas com grande surpresa do visitante, não se tem acesso, no fim desta, nem ao centro do tal polígono, nem aos bairros novos construídos a Oriente e que, de forma “canhestra”, estão ligados a novos parques e pavilhões para feiras, e aos descampados sem condições para onde foram remetidos a feira e os mercados tradicionais. Cada vez que descubro uma casa com bons petiscos, voltar a encontrá-la é como uma caça ao tesouro. É certo que faz parte dos encantos da velha vila, e que os habitantes de Borba não têm esse problema, mas se fazem questão de ter visitantes seria melhor darem uma ajudinha.
Não sendo urbanista, arrisco a dizer que, nem libertos do atravessamento pela estrada nacional, conseguiram resolver o problema criado por uma matriz urbana triangular de ruas relativamente estreitas. Esse núcleo não é, nem se tornou, matriz para eixos a partir de praças ou largos centrais, nem para o crescimento com polígonos sucessivamente englobantes. E as grandes vias de circulação, que agora constrangem o crescimento da urbe a Ocidente e a Norte, põe tantos problemas como os que supostamente resolveriam. Sem falar na dificuldade de articulação viária até à Nora (num espaço que corre o risco de se desordenar num processo de transformação em períferia industrial), ou no bloqueio pela zona de pedreiras a Sul, agora agravado com a interrupção da estrada. Enquanto que a Sudeste, o espaço nobre que vai da Praça da República e do Fontanário Monumental até ao Palácio dos Melo e Castro, abrindo-se, na naturalidade geomorfológica de uma bela paisagem, ao vale que leva a Elvas e a Espanha entre colinas recentemente plantadas de vinhedos. Mas a vivencialidade e atractividade (turístico-cultural) deste espaço está prejudicada por uma funcionalidade viária para a qual não se tem querido encontrar alternativas. Aqui a questão começa a interessar grandemente Vila Viçosa, sem deixar de ser um importante problema também para Borba. Mesmo com a interrupção da estrada, que era o caminho natural e histórico para ir de VilaViçosa a Elvas (para além de ser uma ligação entre as duas povoações que interessa a cada uma das duas, e a ambas em conjunto na sua relação com a região turística Elvas/Estremoz/Évora), essa zona nobre de Borba continuará a ser atravessada por um tráfego que não a valoriza. Para ir de V V a Elvas, existe um percurso pela nova variante da EN255, mas este é muito mais longo e, circundando Borba pelo Norte, acaba por desembocar na EN 4 num nó destinado à autoestrada, para seguir depois por aquela estrada nacional num troço que o crescimento desordenado de Borba está a tornar cada vez mais perigoso e empastado (acabará por ser totalmente envolvido). Quem vem pela variante da EN255 tem uma alternativa mais curta que é sair no acesso para as rotundas de Borba Sul (e que é importante também para Borba), onde desembocava o antigo traçado da EN255, e daí para Elvas passando pelo tal espaço urbano e paisagisticamente nobre que vai da Pç da República e do Fontanário Monumental até à EN 4, passando pela Quinta dos Melo e Castro.
Numa próxima publicação falarei das alternativas que podem e devem ser criadas no interesse de todos e para salvaguarda deste espaço a que enquanto habitante de Vila Viçosa, tão gratas recordações me ligam: desde as visitas às festas do Sr dos Aflitos e à feira de Novembro, até às passagens para ir descarregar uva à Adega Cooperativa, e as frequentes viagens a Espanha com um avô que, sendo oliventino de origem, se via obrigado a fazer quase 100 Km para visitar os seus familiares, vindo de Vila Viçosa, que tem Olivença à vista...
Saír do buraco, pelo ordenamento do território
III -
1. RUÍNA, ORDENAMENTO, CULTURA E TURISMO
É do interesse dos municípios de Borba e de Vila Viçosa que um reordenamento da Zona do Mármore vá para além da área das pedreiras e não se fique pelos aspectos mais directamente ligados à industria, com foco em viabilidade, escombreiras e recursos hídricos.
Para além das relações que o uso do solo e os recursos hídricos têm com a agricultura, e do aproveitamento turístico que alguns vislumbram na paisagem das pedreiras por meio de uma museologização ou instalação de desportos radicais, há outra maneira de ver e valorizar uma paisagem que tem um património que vai da memória histórica concretizada – cristalizada! numa arquitectura mais ou menos monumental (E já aí se começa a perceber que o mármore, a água e outros recursos e práticas culturais têm uma relação muito mais estreita e valorizável, económica e socialmente, do que habitualmente se pensa), ao património cultural ligado à agricultura (não só o vinho), à silvopastorícia... à culinária. E também com isto se percebe a relação de conventos e palácios, com ovelhas e porcos, e caça, entre olivais e azinhais... e abelhas nos laranjais... e mel...
...e poesia, e música,e pintura, e escultura, pois evidentemente.
Este gajo é lírico!!!
Pois sou! Não por acaso cresci aqui ... Aqui aprendi a ler, a escrever , a fazer teatro, a amar e desfrutar da natureza e várias criações da cultura popular, entre cavalos de um avô, e pedras de um pai, e tardes de verão passadas na biblioteca do Palácio a ler alguns livros que o professor Manuel Inácio Pestana me sugeria, e alguma educação sexual nas narrativas de frequentadores de uma pequena biblioteca com o nome de Florbela, na sede provisória dos amigos de V V. Voltemos ao presente.. (continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481Podem ver também https://www.facebook.com/Kalikhora/posts/1924473807644633 e https://www.facebook.com/Kalikhora/posts/1930008853757795)
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística
SONHAR UMA PAISAGEM CULTURAL
Saír do buraco, pelo ordenamento do território
2. MOBILIZAR VONTADES E RESPONSABILIZAR (continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058) Um parque com rebanhos manadas, gamos e veados, varas de porcos e de javalis entre azinhais, olivais e campinas, num espaço murado onde foi feita uma das primeiras experiências de arquitectura paisagística em Portugal -- a Tapada Real. (Duzentos anos antes do Parque da Pena, e mais de cem anos antes de G. de Visme e W. Beckford terem começado a intervir em Monserrate num contexto geomorfológico e bioclimático muito mais favorável)
Estávamos num projecto de reordenamento que passasse pela valorização de uma paisagem cultural a partir da Zona do Mármore e tudo nos aproximava da Tapada Real. Pedreiras, colinas com olivais e ovelhas a circundar os azinhais da tapada, com as suas memórias, de caça, de veados, de touros, a suas edificações entre uma arquitectura rural a uma arquitectura palaciana e religiosa, e o que resta de uma das primeiras experiências de arquitectura paisagística ( Cantada por vários ilustres visitantes, entre os quais Lope de Vega ...)
Para além da dificuldade de os municípios, e os munícipes se entenderem, teríamos também a dificuldade de envolver neste projecto a Casa de Bragança. Mas se esta ideia fizesse caminho na imaginação e na vontade de realização de alguns, outros ficariam, à vista de todos, perante as suas responsabilidades.
(continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735153768502 ) (Ver também https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735217130086 )
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística
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III - SONHAR UMA PAISAGEM CULTURAL
3. ORDENAMENTO, CULTURA E PATRIMÓNIO -- Candidatar património cultural a Património da Humanidade ou promover a cultura patrimonial
(Continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058 e de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481 )
Tudo isto de um ordenamento que valoriza uma paisagem cultural pode parecer muito vago. Seriam necessários especialistas de várias áreas pra dar profundidade, alcance e viablidade tão só a nível de ideias e de projecto. E não se podiam perder as interacções e a visão de conjunto. Qualquer concretização precoce pode prejudicar todo o projecto. Mas adianto duas coisas muito precisas:
Isto não tem nada a ver com Candidaturas a Património da Humanidade.
Tratar-se-ia, e trata-se urgentemente, para já, de fazer valer essa paisagem cultural a nível regional e nacional, de modo a mobilizar recursos financeiros, competências, e vontades políticas capazes de suplantar bloqueios, inércias, bairrismos, interesses mesquinhos e pobrezas de espírito em geral.
(Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735204009758)
(pode ver também Vila Ducal a Caír no Buraco https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=2063802853685586&id=1682769558455586)
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SONHAR UMA PAISAGEM CULTURAL
4. ROTEIROS CULTURAIS -- Rotas Turísticas
(Continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058 e de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481 ) )
Como um exemplo pode ajudar a visualizar e dar credibilidade a esta ideia, vou arriscar. Ponham-se na pele de um turista vindo de um qualquer país ou mesmo de Portugal que, viajando de carro estivesse em Elvas ou, no seu planeamento da viagem por aí passasse, e procurasse que seguimento dar à sua viagem.
Portugal a dentro, pela EN4, um destino podia ser Estremoz, ou Évora. Poderia dar-se conta de que no meio podia haver outros focos de interesse, que talvez até valessem uma estadia de um a três dias: uma vila castiça com tradição de vinhos (os terroir são sempre interessantes em muitos outros aspectos, culinários e não só, também paisagísticos, arquitectónicos, artesanias ... Qualquer viajante experimentado o sabe, assim como quem faz guias turísticos). Mas o que haverá neste terroir? Onde colher informação. Nenhuma descrição global para este terroir (Qualquer região (ou subregião) de vinhos famosa e atractiva turisticamnete é uma paisagem cultural. Não sou só eu que onde ouve falar em turismo pensa em cultura, ao contrário de muitos que quando ouvem falar em Cultura logo pensam em turismo.
(Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735204009758)
(Ver também https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735217130086)
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística



SONHAR UMA PAISAGEM CULTURAL
(Continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058 e de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481 )... )
5. VILA DUCAL A FICAR NO BURACO (https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=2063802853685586&id=1682769558455586)
O turista, em cuja pele nos podemos pôr, ao viajar ou projectar uma viagem a partir de Elvas, até pode encontrar referências ao palácio de Vila Viçosa e à história de um paço ducal, mas acreditem-me, não vai fazer um desvio só para ir lá VÊR. Vai para Estremoz, ou para Évora, se tiver pressa, e então talvez pare em Borba para almoçar, se desse com alguns bons anúncios na net e não forsse tão difícil encontrá~los. Pode, quando muito, hesitar no seu planeamento se vai ou não a Monsaraz, almoçar com o lago à vista. E não vai a Vila Viçosa, mesmo que ponham no cruzamento para Bencatel o cartaz com a fotografia do Palácio que, não sei que idiotas, puseram redundantemente na rotunda onde começa a Rua (uma rua?!) para o Palácio, e nas costasde quem viesse de Borba e, arrependido ou por engano, virasse à direita.
Se o seu destino é Estremoz, então é que não vai mesmo, nem que ponham a fotografia do Palácio bem em evidência no nó de acesso à A6, fazer uma volta en ansa num nó de acesso a uma autoestrada e andar para trás até ver o outro cartaz no cruzamento para Bencatel e desviar para V V acabando por se deslumbrar com a Avenida Duarte Pacheco, falsa porta medieval ao topo, rendendo-se então aos encantos da Vila e procurando na net um quarto para passar a noite. Quando se deparasse com a dificuldade em encontrar um restaurante para jantar, arrependia-se.
(Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735217130086 )
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VAMOS LEVANTAR OS OLHOS DO(S) BURACO(S)!
Vila Viçosa não pode ficar isolada. Um território como o que há séculos liga e envolve Borba e Vila Viçosa não pode ter as suas duas principais concentrações urbanas separadas pelo fantasma de uma estrada que foi engolida por uma indústria em decadência. É preciso não esquecer
(a) que a água que, no fundo dos buracos, parece ser um problema é de facto um recurso, e
(b) que esta estrada estabelecia (e tem que voltar a constituir) uma ligação directa entre dois conjuntos arquitectónicos de elevado valor histórico e cultural em que se destacam,de um lado, o Palácio e jardins dos Melo e Castro e um Fontanário Monumental com o seu tanque de abastecimento, e, do outro, nada menos que as monumentais construções que definem uma praça -- O Terreiro do Paço -- para o qual a entrada por Borba oferece a mais deslumbrante perspectiva.
Está na hora de pensar seriamente no reordenamento de todo o território que vai de Estremoz ao Alandroal e da Tapada Real a Montes Claros (se não até às nascentes do Lucefecit e do Tera. Para esse efeito, o Estado já elaborou um documento regulador que é o PROZOM, para o qual chamo a vossa atenção. Mas há uma dimensão que está completamente ausente desse Plano de Reordenameneto e que é a dos valores patrimoniais ligados à História e à cultura. Só como paisagem cultural pode este território ser reordenado, lançando novas bases para um desenvolvimento económico e social em que se articulem, natureza e cultura, recursos naturais e recursos humanos, indústria e agricultura, silvopecuária e artesanato.
Começo por chamar a vossa atenção para a ausência da dimensão cultural num artigo que comenta o PROZOM (ver tb https://www.researchgate.net/…/237318717_ALGUNS_INDICADORES… focado na Unidade de Ordenamento 2a UNOR 2 Borba), mas em que, comparando os dois resumos que o introduzem, se fica surpreendido pela supressão, na versão em português, de uma referência ao aquífero:
"The importance of this deposit concerns not only geological, mining and economical advantages but also the aggregate aquifer system which is responsible for the water supply to agricultural and industrial activities and mainly for assuring the public water supply of five districts.
(PDF) The re-planning of the quarrying activity as a tool for regional planning: Vila Viçosa, Portugal. Available from: https://www.researchgate.net/…/286993590_The_re-planning_of… [accessed Nov 25 2018].
https://www.researchgate.net/…/286993590_The_re-planning_of…
Saír do buraco, pelo ordenamento do território
SONHAR UMA PAISAGEM CULTURAL
6. UM CENTRO INTERPRETATIVO para uma paisagem cultural
(Continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058
Ver também https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481)
Passemos agora à minha cena alternativa que, só para efeitos narrativos, põe o viajante pouco planificador, ou com gosto em improvisar, a vir pela EN4, ainda hesitante se vai para Évora passando por Estremoz, ou dar um salto a Reguengos – ou, admitamos, fazer uma passagem por Vila Viçosa também fosse uma alternativa, sobretudo se daí pudesse seguir por uma estrada nacional até Redondo e Évora (outros terroir).
Viajando num belo fim de semana primaveril ou numas férias estivais pela EN4, após uma relaxante sequência de descidas e subidas por suaves vales e colinas, ali onde se começam a ver as primeiras vinhas do terroir, depara-se à direita com uma pequena albufeira onde abeberam algumas vacas. Talvez tenham vindo daquele portão semiaberto num pequeno largo à esquerda da estrada. Há um parque para viaturas em que algumas azinheiras fazem sombras convidativas. Os viajantes param para tirar umas fotografias, fazer um pequeno filme que mostra numa sequência as árvores desgrenhadas, as vacas e, depois de passar por uma perspectiva da estrada com os vinhedos, termina no portão, que foca em grande plano. Mas aí, são surpreendidos por um pequeno alpendre onde parece haver uma sala informativa e de acolhimento. O tal cartaz com a fotografia do palácio, podia estar aqui, se a CMB e a CB estivessem pelos ajustes. Mas, francamente, estragava a cena.
(Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211736368718875 )
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística
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7. ATRACTIVIDADE E CULTURA PATRIMONIAL
(continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211735217130086 e de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058)
( Ver também https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734392909481)
Algo, diferente do cartaz com a foto do palácio ducal teria que chamar a atenção do turista que não tivesse planeado cuidadosamente a viagem. Que se tivesse esquecido ou tivesse subestimado a informação que tinha lido sobre um terroir numa paisagem cultural, recheada de monumentos e outros variados factores de atracção. Além da culinária e artesanato, aposentadoria numa arquitectura que faz uso abundante de um mármore ideal para laboração ornamental e que se arranca da terra ali próximo, numas pedreiras de um mármore que parece a carne dfos deuses, a mesma cor na fachada do palácio, que lhe tinham chamado a atenção quando planeavam a viagem. Mas, agora, ali, na fresca sala de acolhimento, daquele centro interpretativo, com vinhos, queijos, doces regionais, artesanto e bons materiais de informação cultural e turística, têm a surpresa de estar na entrada de um manoir, ou será um domaine?, ligado à história de uma casa ducal, que se tornou real depois de uma Guerra de Restauração de Independência que tivera precisamente aquela paisagem, aquele terroir, como um dos seus principais campos de batalha. (http://kalikhora.wixsite.com/khora) Ah, pois, as fortificações que tinham visitado em Elvas e que aí os tinham atraído por se terem, essas sim, demonstrado o seu contributo para o Património da Humanidade, afinal tinham ali uma continuidade, uma confirmação do contributo dessas fortificações para a história da arquitectura e da paisagem, como podiam ver no desenho de Vila Viçosa, perante eles ao longo de toda uma parede daquele Centro Interpretativo, feito por Pier P.aolo Baldi para Cosme de Medici -- que fizera questão de visitar em 1668 o território daquela guerra. Tal como tinham lido, estavam perante uma extensa região repleta de diversificados focos de interesse.
(#VilaViçosaNãoseRende #GuerradaRestauração #GuerradaAclamaçãohttp://kalikhora.wixsite.com/khora/blank-8… )
(Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211736460721175 )
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #Ordenamento
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8. ACESSIBILIDADES E INFORMAÇÕES
(continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058)
(Continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211736368718875 )
Grande é a surpresa, quando descobrem que podem atravessar a Tapada Real e ir até ao Paço Ducal, numa vila com a tal fortaleza do sec XVI onde decorreu uma das batalhas daquela guerra, e com a qual estão relacionados diversos outros produtos artísticos, gravuras e painéis de azulejos. (Um dos folhetos informativos, falava de um palácio em Lisboa com azulejos onde foi representada essa batalha, dita de Montes Claros, assim como a Batalha das Linhas de Elvas.)http://kalikhora.wixsite.com/khora/sino-do-carracena-1…
(#VilaViçosaNãoseRende #GuerradaRestauração #GuerradaAclamação#MonumentosNacionais http://kalikhora.wixsite.com/khora)
Só tinham que aceitar um chip de localização da viatura e respeitar os percursos e pontos de paragem que constam de um folheto informativo, sendo o chip devolvido num controlo à saída, já junto ao Paço Ducal. Bilhete de atravessamento, ou complexivo para várias visitas a monumentos
[Continua em https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211736460721175]
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística
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9. FRUIR DE UMA PAISAGEM CULTURAL rural, urbana, industrial
(continuação de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211734335988058 e de https://www.facebook.com/josemanuel.pombeirofilipe/posts/10211736460721175)
Mas a surpresa é ainda maior porque, ao atravessamento em viatura, são dadas várias alternativas: Uma pedonal, com vários percursos -- um dos quais tem uma previsão de duas horas e lhes permite voltar àquela entrada, passando por um ponto de observação das tais pedreiras. Mas também aluguer de bicicletas, para percursos na Tapada, ou para o seu atravessamento, com continuidade do aluguer para uma estadia em Borba ou Vila Viçosa, deixando a carro num estacionamento junto ao Portão. Mais surprendentemente ainda, havia possibilidade e passeios a cavalo, e um trem de tracção por cavalos que fazia o percurso daquele Portão de entrada até ao Paço Ducal e com regresso por Borba por Stª Bárbara, alternadamente com o percurso em sentido inverso.
#borba #vilaviçosa #viladucal #PatrimónioCultural #CulturaPatrimonial#PatrimóniodaHumanidade #OrdenamentodoTerritório #ArquitecturaPaisagística#arquiteturaPaisagística

Carlos Paredes:
Mudar de Vida