

Castelo na prova de fogo 1665
O nosso castelo teve a sua prova real de fogo no centro da história peninsular (o que significava, então, da História.), precisamente entre os dias 9 e 17 de junho de 1665, depois de Filipe IV de Espanha, que decidira terminar com a questão da independência de Portugal, preparar o mais forte exército que até então destinara às “guerras de Portugal”
Este exército, sob o comando do Marquês de Caracena, entrou em Portugal a 7 de junho com mais de 20 mil homens e tomou como primeiro alvo aquilo que lhe parecia ser a militarmente desguarnecida sede da Casa que encabeçara a rebelião. Teria, por isso, elevado poder simbólico a capitulação ou conquista da pequena vila. Mais ainda do que tivera a capitulação de Olivença em 1657.
A 8 de junho, tocava a rebate o sino – que passou a ser conhecido como Sino do Carracena (uma apropriação com corruptela do nome do general inimigo) – e, a 9 de junho, o exército espanhol chegava à Porta da Vila, junto ao Palácio, e encontrava um primeiro foco de resistência que conjugada com os ataques a partir do alto de S Bento causaram ao inimigo dezenas de baixas. Mas os defensores, sob o comando de Cristovam Brito Pereira, foram recuando para posições mais defensáveis.


Fotografia da saída 0 Centro Escolar na Corredoura de uma excursão esolar a Montes Claros nos anos 30.

A resistência foi dura nas velhas muralhas, na estacada e nos baluartes recém construídos, não obstante as minas que provocaram danos que ficaram sem reparação durante quase 300 anos. Quando tropas espanholas lograram entrar por um desses rombos, os cerca de 2000 defensores tiveram que se refugiar no castelo artilheiro, onde continuaram a resistir e a responder com eficácia aos bombardeamentos a partir dos montes que rodeiam a vila. Até que o exército português, que tivera tempo de se organizar em Estremoz, atacou por sua vez a retaguarda espanhola em Montes Claros, com a sorte que, essa sim, ficou na memória colectiva alimentada pelos compêndios de História.
Para manter viva a memória desse episódio não seria necessário esperar mais 300 anos para reparar a muralha. Mas os restauros que o Estado Novo fez na estrutura da muralha medieval foram acompanhados de uma desvalorização do castelo artilheiro e de uma quase ocultação deste episódio – episódio que confirmou a visão de D Jaime e a excelência de uma obra da engenharia militar portuguesa. A primeira obra de uma longa série que está espalhada pelo mundo, desde o estreito de Malaca à mais profunda Amazónia (que é como quem diz também aos pantanais paraguaianos, realização talvez ainda mais notável).
