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Prioridade ao Ordenamento do Território (B.3)

A demarcação que a Proposta de Inclusão de Vila Viçosa no Património Mundial sugere para a Área de Protecção da Tapada Real, sobretudo na secção em que é actualmente mais vulnerável, isto é, entre Vila Viçosa e a EN 4 (Porta da Albufeira), não pode estar em 
concorrência, ou ignorar, o urgente reordenamento do que no Plano de Reordenamento da Zona do Mármore é designado por UNOR2. Reordenamento que se tornou ainda mais necessário e urgente após a recente derrocada da principal rodovia que ligava Vila Viçosa e Borba, e que, para além dos aspectos mais específicos ligados à exploração do mármore (viabilidade económica, impactos ambientais, acessibilidades na área de extracção e da indústria transformadora), vai ter que passar por um reordenamento das acessibilidades rodoviárias aos núcleos urbanos.
Isto não implica que a salvaguarda da área de paisagem rural preservada, que é a Tapada Real, deva ser sacrificada, ou que se subestime a sua importância. Pelo contrário, ela deve ser valorizada como matriz e referência de ordenamento para outras áreas. Mas algumas delas, bem próximo dos muros da Tapada Real nesse sector, têm problemas específicos para os quais não há precedentes no espaço interior desta (O que terá havido de mais parecido localiza-se no Alto de São Bento, onde já foram construídas e destruídas fortificações em várias épocas). Escombreiras, cavidades resultantes da extracção, frentes de avanço da lavra, reenchimento de pedreiras abandonadas (com desenho de arquitectos paisagistas e utilização agrícola ou recreativa) onde os estudos técnicos não aconselham a retomada da extracção, localização de indústrias transformadoras e acessibilidades, são alguns dos 
problemas, que se localizam nalguns casos a escassos cem metros dos muros da Tapada. Uma dessas situações está localizada próximo da Porta de S Bento, em parte dentro do espaço que a CMVV designa por Museu do Mármore, onde existe uma larga e profunda cavidade parcialmente alagada e uma escombreira bem alta. É um lugar prometedor e prioritário para experiências de ordenamento em pequena escala. Numa série de publicações que designei por Sonhar uma Paisagem, que podem ser encontradas em #culturapatrimonial e @Kalikhora, dou exemplos de como a Tapada Real poderia contribuir para a fruição de toda esta área, e portanto para a valorização de uma paisagem culturalmente viva. 

Borba, Ordenamento timização da exploração de mármore na Unidade de Ordenamento 2 UNOR 2 do PROZOM
EntreBorba e Vla Viçosa, a Tapada Real e uma área e exploração mármore atrvessada por uma estrada em derrocada -- Área a ncesitar urgentemente de ordenamento do território em a várias escalas.

Acrescentadas linhas amarelas com possíveis traçados rodoviários para a ligação entre Vila Viçosa e Borba, e entre Vila Viçosa e a EN 4 (sem atravessamento de Borba)

Não é possível pensar na Tapada Real como segundo bem proposto na candidatura sem pensar, como seu negativo, no problema da exploração do mármore. E dada a contiguidade geográfica num largo e importante sector de um e outra, não é possível pensar em medidas de ordenamento separadamente.
Os atrasos na implementação de um Plano de Reordenamento da Zona do Mármore, em todos os seus componentes e escalas tornam inviável a concepção e implementação de qualquer outro instrumento de ordenamento da região envolvente das povoações de Vila Viçosa e Borba. 

Vila Viçosa, Tapada Real, Pta_São__Bento_e_Supermercado_Lidle.jpg

Capela de Stª Bárbara, junto da  Porta da Tapada a que dá o nome. Entrada princpal, quando por aí se fazia o acesso a Borba no no empo em que D Dinis de Melo e Castro era o Monteiro Mor.

B orba Capela de Sta_Bárbara, junto à Porta do mesmo nome na Tapada  Real

Música de Gurgjieff:

Song f the Aisors

O traçado dos limites da extensa Área de Protecção da Tapada Real concorrem com o ordenamento da Unidade de Ordenamento 2 (UNOR2) prevista no PROZOM (O facto de este documento legal tersido revogado pelo PROTA em nada resolve este problema pois que nenhum plano de ordenamento se lhe substituiu); por um lado a proximidade de uma zona de extracção e escombreiras em relação à Tapada Real, e por outro a derrocada da estrada de ligação entre VV e B que atravessava essa área industrial, tornam necessário e urgente uma intervenção de reordenamento que vá para além dos objectivos desta candidatura, mesmo que considerando e englobando alguns deles.

Aos problemas do mármore não se responde encostando-lhes uma Área de Protecção da Tapada Real. Aos problemas da água não se responde com a valorização da memória de um idílio de pedra e água feita no registo do “era uma vez ...”, como se se estivesse a embalar crianças. Aos problemas que resultam da exploração do mármore não se responde com uma simples valorização da paisagem rural, das quintas na envolvente próxima da Vila e da paisagem silvopastoril de que A Tapada Real é a grande reserva. Há que “produzir paisagem”. Não gosto deste termo do jargão dos gestores do “ambiente”. Mas ele pode servir para pôr em evidência que não basta (nem se pode) esperar que as actividades agrícolas e silvopastoris tradicionais mantenham essa paisagem.
Noutros termos, numa linguagem agora mais próxima dos especialistas do ordenamento do território, há que articular as medidas de ordenamento da UNOR2 com a Área de Proteção da Tapada Real no sector entre Vila Viçosa e Borba. Articulação que tem que ser feita em várias escalas de ordenamento, tendo que vingar na mais miúda dessas a perspectiva e o saber da arquitectura paisagística, e sem perder uma perspectiva cultural do conjunto que tenha em conta os recursos e os condicionamentos naturais, bem como o valor do património histórico e artístico em que está inserido e é “imagem de marca” da região (para usar agora a linguagem dos promotores turísticos, cujo contributo – bem controlado – também é importante para a conservação e valorização da paisagem, para a sua “produção” esclarecida.

? Seria óptimo se os dois munícípios concordassem com essa ideia. Tinha intenção de falar sobre isso numa das publicações da série que estou a escrever, mas já que fala nisso, vou adiantar um pouco do que penso.

É do interesse dos dois municípios que um reordenamento da Zona do Mármore vá para além da área das pedreiras e não se fique pelos aspectos mais directamente ligados à industria, com foco em viabilidade, escombreiras e recursos hídricos. Para além das relações que o uso do solo e os recursos hídricos têm com a agricultura, e do aproveitamento turístico que alguns vislumbram na paisagem das pedreiras por meio de uma museologização ou instalação de desportos radicais, há outra maneira de ver e valorizar uma paisagem com um património que vai da memória histórica concretizada – cristalizada! numa arquitectura mais ou menos monumental (E já aí se começa a perceber que o mármore, a água e outros recursos e práticas culturais têm uma relação muito mais estreita e valorizável económica e socialmente, do que habitualmente se pensa), ao património cultural ligado à agricultura (não só o vinho) à silvopastorícia e à culinária. E também com isto se percebe a relação de conventos e palácios, com ovelhas e porcos, e caça, entre olivais e azinhais, e abelhas nos laranjais, e mel...

Já foi dito, mas penso que é melhor insistir:
“nesse processo e nessa estratégia tem também que se esclarecer as continuidades e singularidades em relação à “pequena” região rica em património arquitectónico, cultural e agro-silvo-pastoril demarcada por Elvas, Estremoz e Alandroal, e talvez mesmo Évora. [...] Para valorizar Vila Viçosa como Património Mundial, não basta pensar a integração da vila numa paisagem, é também indispensável pensar a sua integração numa região.”
Nenhum turista virá de Londres, de Nova Iorque ou de Bombaím para ver o palácio de Dona Catarina de Bragança (na candidatura, esqueceram-se do tea time), mesmo que conheçam a importância que esta teve para as suas cidades, e mesmo que tenham ouvido dizer que a vila onde aquela personagem histórica nasceu se tornou Património Mundial.​

Com certeza, ninguém esperava que se fizessem aqui quadros síntese com os problemas, os pontos sensíveis, os princípios de solução, as prioridades de acção remediadora e conservadora e as principais linhas de valorização. Quem escreveu estas páginas é um lírico fruidor, se bem que com uma identidade enraizada na paisagem e na património cultural que aqui estão em causa, e que, agora informado e instruído, os revisita com o mesmo lirismo, mas com uma crescente angústia.Por isso se deu ao trabalho de escrever tudo isto. Não para se substituir aos rofissionais especialistas, mas para subir o nível de exigência a partir do qual trabalham funcionários especialistas e especialistas contratados. Reafirma no entanto a disponibilidade para continuar a contribuir para que não se perca uma visão de conjunto.

Estão convidados a prosseguir na exploração de Khôra.

Sugerimos que visitem as páginas em que se apresenta

a vida e obra do compositor Henrique Pousão (1859/84) 

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