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sino do caracena

Boletins Político-culturais da Oficina da Memória

Nº 3

Contexto internacional da Guerra da Restauração

Numa Jornada sobre as fortalezas abaluartadas da Raia que decorreu em Vila Vilosa em 21 de Maio de 2016, Nuno Lemos Pires, Comandante do Corpo de Alunos da Academia Militar, falou da batalha de Vila Viçosa como episódio de uma guerra à escala planetária, em que os interesses e iniciativas dos vários grandes protagonistas se cruzavam e podiam parecer contraditórios de hemisfério para hemisfério. Partindo da exposição aí feita por este investigador, desenvolvemos a seguinte reflexão sobre o contexto global da Guerra da Restauração.
O coronel Lemos Pires (aqui numa Conferência em Vila Viçosa em 2016) tem vindo, desde 2015 a analisar a Batalha de Vila Viçosa/Montes Claros e a Guerra da Restauração inserindo-a num largo palco de conflito que designa por Primeira Guerra Global, e em que o esforço para reconstituir o Estado português se desdobrou por vertentes económicas, diplomáticas e adminstrativas, pra além da vertente militar, mas em estreita articulação com esta.
A Cristandade continuava a confrontar-se globalmente com o Islão, mas a Inglaterra, que desafiava, em todo o Atlântico e no Mediterrâneo, a hegemonia de Espanha (a que Portugal tinha ficado ligado por lógicas dinásticas herdadas de outra era) e, com um fundo de proximidade religiosa na sua luta contra os papistas, aliava-se por vezes aos holandeses.
Espanhóis, italianos e austríacos enfrentavam os turcos nas planícies do Danúbio e no Mediterrâneo, enquanto os ingleses ajudavam os persas a retomar de Portugal, Ormuz e outros portos do Golfo Pérsico. Italianos e catalães que, também eles, instigados e apoiados pela França, se revoltaram contra a administração espanhola.
O coronel Lemos Pires (aqui numa Conferência em Vila Viçosa em 2016) tem vindo, desde 2015 a analisar a Batalha de Vila Viçosa/Montes Claros e a Guerra da Restauração inserindo-a num largo palco de conflito que designa por Primeira Guerra Global.
Holandeses que se sublevarem contra Filipe II de Espanha, filho da habsburga Casa de Áustria (a quem, também aqui, a velha lógica dinástica fizera herdar os territórios da Borgonha e a Coroa de Espanha), começaram por atacar sobretudo as praças portuguesas no Oriente. Uns e outros legitimavam e alimentavam-se do corso, que se prolongava pela pirataria.
Enquanto que França e Alemanha eram rasgadas por guerras religiosas, e o Islão, que avançava na Índia e na Indonésia, era atravessado por um conflito entre turcos e persas, que acabava por deslocar estes para a grande, mas minoritária, facção religiosa que era o Shiismo.

França que oscilava frequentemente nos seus apoios em função das suas conveniências do momento, França que esmagara os seus protestantes, mas que chegará a aliar-se a protestantes na Alemanha para enfraquecer os católicos austríacos. Que, por sua vez, se entendem com o protestante rei sueco para eliminarem a católica Polónia e acabarem por dividir a Alemanha em mais de 300 pequenos estados.

Mapa da Europa em meados do século XVII, tal como resultou do conjunto de tratados designados por Paz de Vestefália.
O coronel Lemos Pires (aqui numa Conferência em Vila Viçosa em 2016) tem vindo, desde 2015 a analisar a Batalha de Vila Viçosa/Montes Claros e a Guerra da Restauração inserindo-a num largo palco de conflito que designa por Primeira Guerra Global, e em que o esforço para reconstituir o Estado português se desdobrou por vertentes económicas, diplomáticas e adminstrativas, pra além da vertente militar, mas em estreita articulação com esta.

Num quadro como este, a separação de Portugal e Espanha, e dos seus domínios ultramarinos, viria a complicar ainda mais o jogo. E obrigava Portugal a um cuidadoso jogo estratégico, quer no campo militar quer no político-diplomático e no económico.

© 2016 KHÔRA Rua Florbela Espanca 6 e 8 VILA VIÇOSA

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