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Fantasmas na Porta de Évora

Termina a resenha cronológica que é feita na Proposta de Inclusão de Vila Viçosa como Património Mundial com uma avaliação que se aproxima do problema da (re)construção da Porta de Évora que aqui se quer levantar, mas fá-lo como quem se aproxima demasiado de um precipício e nele fica suspenso:
"No século XX, seguindo metodologias de restauro do património monumental correntes na Europa, procedeu-se à reconstrução das antigas muralhas medievais, potenciando o seu valor simbólico". –
Mas qual seria esse valor simbólico?​

No Castelo de Vila Viçosa, a Porta de Évora construída pl Estado Novo nos anos 40, é cenário para manifestação político-religiosa inspirada pelo quadro ideológico do Integralismo Lusitano

A recuperação destas imagens não visa a denúncia da execrabilidade do salazarismo, mas sim um desafio aos calipolenses de hoje para que se interroguem sobre quanto aquela porta os liga a este imaginário cénico do integralismo lusitano. É certo que o contexto para esta mobilização era a celebração do 3º centenário da designação de Nª Sª da Conceição como Padroeira de Portugal, na sequência da aclamação de D João como rei. 

Castelo de Vila Viçosa: Porta de èvora enganadoramente construída pelo Estado Novo nos anos 40, é Altar da Pátria  no quadro ideológico do Integralismo Lusitano

Imagens como esta, já no século XXI, não deixam dúvida de que o imaginário conservador de muitos calipolenses continua a passar, ou a estar fixado na magia daquela Porta medieval, a fazer as vezes de altaneiro Castelo de Guimaraens. Mas seria bom que esclarecessem, para si mesmos, para os seus conterrâneos e nesta candidatura também ao mundo, que fantasmas pairam sobre os torreões desta “Porta”, mesmo nos dias em que sobre ela fazem fogo-de-artifício, para celebrar a sua propositura a Património Mundial.

Mas porque terá sido este o “monumento escolhido para a celebração “eclesiástica”. Não era o adro da Igreja, dentro da Cerca Velha, enquadrado por algumas casas do velho burgo, uma face da bem visível Fortaleza e ainda pela torre albarrã, um lugar mais vocacionado. (Veja-se nas Memórias de Vila Viçosa a descrição que o Pde Espanca faz dos comandantes vitoriosos em Montes Claros a prostrarem-se aí perante a Imaculada.). 

Castelo de Vila Viçosa: Khora interroga-se sobre os fantasmas que no sec XXI ainda pairam sobre a enganadora Porta de Évora, transfomada pelo Integralismo Lusitano em Altar da Pátria nos anos 40 do século passado.
Precição_no_Castelo.jpg

Porque foi a “Porta” improvisada Altar Sagrado da Pátria? Porque é que nesta proposta de inclusão no Património da Humanidade se faz um quase “lavagem” desta Porta e se subestima a importância do Santuário e das peregrinações, que nem sequer são mencionadas num elenco das tradições vivas que corresponderiam a um “critério” de selecção:“CRITÉRIO (VI) – O bem a classificar deve estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou a tradições vivas, a ideias, a crenças, ou a obras artísticas e literárias com um significado universal excepcional”. (p. 140).

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