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Vila Viçosa fotogrfada nos anos 20 do sec XX, a partir da Fortaleza Nova (D. Jaime, sec XVI). Em primeiro plano, o lugar onde Duart Pacheco fez (re)construir uma Porta de Évora, que pode ter sido suprimida a quando da construção da Fortaleza Nova no século XVI.
Nº 1

sino do caracena

Boletins Político-culturais da Oficina da Memória

Revalorização Simbólica e Política do Castelo Artilheiro de Vila Viçosa
e do episódio de resistência que
os militares portugueses
aí protagonizaram durante a
Guerra da Restauração em 1665

Em 1483, o rei D João II acusou de traição ao então Duque de Bragança, D Fernando II. Na sequência de um curto processo, o duque foi executado e a Casa de Bragança liquidada, tendo a víuva e os filhos ido para o exílio em Espanha. O mais velho desses filhos, D Jaime, tinha então 5 anos. Viveu na região de Sevilha até cerca dos 20 anos, pouco se sabendo sobre a sua vida nesse período, mas deve ter tido protectores poderosos (provavelmente os Duques de Medina Sidónia) e uma excelente educação, tendo-se familiarizado com as mais avançadas ideias e protagonistas do Renascimento e com algumas das suas realizações.

 

D. Manuel (que era tio dos jovens exilados), assim que foi entronizado, fez regressar a família e refundou a Casa de Bragança com o seu Ducado, vindo mais tarde a colocar D Jaime num lugar privilegiado na linha de sucessão ao trono.

 

O jovem duque entendeu a localização de Vila Viçosa, sede do novo ducado, como uma localização adequada para o seu projecto de colocar a Casa de Bragança num papel de charneira da diplomacia peninsular. A velha alcáçova não correspondia aos critérios exigíveis para uma demora ducal da época, muito menos para ser local de relações diplomáticas a tal nível. Começou por isso a construir um palácio na encosta soalheira face à ribeira de Alcarrache (ainda visível na ala oriental do actual palácio e de que a Porta dos Nós terá sido uma das entradas, provavelmente a principal para um átrio na face norte).

Mas o que aqui nos importa é o Castelo. Logo que em 1501 o Duque começou a habitar o novo palácio (ainda em construção), à alcáçova do castelo foram atribuídas funções exclusivamente militares – não menos importantes para o ambicioso projecto de D Jaime.

 

A velha alcáçova veio a sofrer profundas alterações estruturais que passaram por projectos dos melhores arquitetos militares da época. Muito provavelmente terão trabalhado nesses projectos Francisco e Diogo de Arruda que trabalharam para a Casa de Bragança nas praças que esta conquistara e administrava no Norte de África: Azamor e Mazagão – a da cisterna onde Orson Welles filmou Otelo, e que hoje faz parte da cidade marroquina de El Jadida (geminada com Sintra nos anos 80) – Há uma belíssima história, contada por um historiador de arquitetura francês de nome Vidal, sobre como toda a população da cidade, cada um com seu lugar na organização administrativa e na vida social, foi transferida para a foz do Amazonas no século XVIII. Estudos recentes identificaram Benedetto di Ravena como tendo sido autor da planta que deu ao castelo artilheiro as principais características com que o conhecemos. As obras terão terminado quando já era Duque D.Teodósio I. 

Porta do Sol, na Fortaleza Nova (D. Jaime, sec XVI) no Castelo de Vila Viçosa.
Bastião noroeste nda Fortaleza Nova (sec XVI, D Jaime) no Castlo de Vila Viçosa (foto dos anos 40, antes de ficar encoberto por denso arvoredo, então plantado).

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