Henrique Pousão no Carnaval: O Pousanito
- José Pombeiro Filipe
- 2 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de mar. de 2019
Henrique Pousão, o mais inovador pintor do século XIX em Portugal, a descobrir no Porto, no Museu Soares dos Reis, e em Lisboa, no Museu do Chiado. Eu comecei a ouvir falar dele desde a minha infância, por ter crescido ao abrigo de um avô materno, na mesma casa em que o Pousanito nascera e crescera, também ao abrigo do seu avô materno, cem anos antes. Está lá uma placa a assinalar a ocorrência. Mas fala de um "mestre do impressionismo", duas coisas que este pintor nunca foi. Tinha pouco mais de 25 anos quando a sua vida acabou. A referência ao impressionismo resulta de uma polémica politico-cultural portuense que transvasou para as paredes de uma velha casa em "Vila Viçosa -- Vila Museu".

Em Vila Viçosa, muitos têm uma imagem de Henrique Pousão associada à seriedade e pompa que aqui dão às coisas da Cultura, (Por razões que estão explicadas em https://www.khora-rossio.com/arte-e-cultura-em-vila-vicosa) Khora entende que parte da obra deste jovem pintor pode e deve ser associada ao Carnaval.
Reproduz-se aqui um quadro que foi intitulado "Esperano o Sucesso". A figura humana aí representada é a de um moço de recados romano que fazia de modelo para o pintor poucos anos mais velho. Brincalhão, o jovem modelo faz ele mesmo de artista, e neste jogo em que modelo vivo, figura representada, figura a representar, jovem pintor em acção e modo como este se via e projectava no futuro, na representação pictórica que Pousão faz deste jogo, onde cada um se passa pelo outro, há críticos de arte que consideram estar contido implicitamente o programa artístico deste jovem pintor.
Um século depois, os quadros, apontamentos pictóricos em "tabuinhas" e cadernos do pintor são material de referência para o estudo dos estudantes de pintura na Academia do Porto. Estes, talvez por se identificarem com o jovem Pousão, artista precoce, cuja vida precocemente terminou, referem-se a ele por O Pousanito. É o nome que gostaríamos fosse adoptado pelas novas gerações calipolenses que redescubram este pintor. E é o nome que damos ao quadro que aqui se reproduz.
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