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Fora Esquerda Direita Centro Dentro

  • Foto do escritor: José Pombeiro Filipe
    José Pombeiro Filipe
  • 31 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura


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(CONTINUAÇÃO)

"De Direita e #Esquerda só têm interesse em falar aqueles que necessitam falar em nome do Centro e que têm interesse em continuar uma política de Centro que já nada tem a ver com o campo socialdemocrático, mas que continua a ver no Centro um lugar privilegiado para disputar os mercados eleitorais."

Se a memória não me engana, na Antiga Grécia era Solon -- o teorizador do Centro político -- a dizer que, quando um povo vota, estão a votar também todos os seus mortos e todos os que estão para nascer um dia no seio desse povo (Democracias que pressupunham a Nação e a Soberania.) Por isso, o Centro era, para Solon, o Lugar Comum, e era também o ponto de equilíbrio entre valores de conservação e de progresso. Pouco antes da Revolução Francesa, Rousseau, ao pensar a questão do interesse geral da Nação, que devia orientar o voto de cada cidadão (devidamente educado), estava na mesma linha. No contexto desta tradição de pensamento, a maioria só garante a justa interpretação do interesse geral, enquanto maioria ao Centro. Una maioria à direita ou à esquerda arrisca-se sempre a ser uma ditadura da maioria. Este Jean-Jacques foi dos primeiros a ver e a mostrar como o movimento subterrâneo que pode dar forma ao Novo é o movimento que pode fazer ressurgir as coisas, os seres, na sua simplicidade e clareza, que pode resgatar o Justo da ganga em que o envolveram e congelaram aqueles que em cada momento se foram apoderando da sociedade. A evolução ideológica no cristianismo introduzira, porém, uma rotura quando, no século XVI, se começou a dar um valor mais positivo ao movimento histórico e ao Novo (a Moderna Idade). E daqui foi-se até ao ponto de colocar no futuro a perfeição, o absoluto da perfeição (da multiplicidade quase infinita dos possíveis que, para Leibniz, realizam, com o seu desdobramento no Tempo, a concepção divina do Universo, até à ideia hegeliana do Espírito como uma construção social). Max Weber mostra como a ideia de um necessário engrandecimento da obra divina (gerando um crescimento sem fim) pôs a nova classe dominante do lado do Progresso. Até que os desapossados dos recursos fundamentais não fizeram uma petição de princípio sobre os fundamentos da distribuição social de recursos. O Progresso, de sociedades em mudança acelerada, passava a ser o Lugar Comum, o ponto de vista a partir do qual se definia o interesse geral, O Centro estava inexoravelmente em movimento. A rotura social introduzida pela revolução industrial e pelo movimento operário desconjuntou completamente a ideia de um eixo político, mesmo que esse eixo fosse simultaneamente uma flexa. Só o sucesso do desenvolvimento, no século XX, de um campo socialdemocrático de articulação de interesses de classes (negociados entre os gestores do capital e os gestores do movimento dos trabalhadores assalariados) não tem permitido que se perceba a rotura do eixo (Esquerda-Direita) como irreversível . E a própria ideia de progresso dividiu-se e acabou por explodir agora que o capitalismo vacila na promessa de um crescimento sem limites e em constante aceleração. Por vezes, há quem tenha a tentação de abandonar assumidamente essa falsa promessa. Tem-lhes corrido mal.. Por isso, Macron aposta tudo na velha fórmula do Centro Progressista. Mas, numa fase em que o centro político já não está em continuidade com as bandas, os extremos, de cuja oposição retira a sua legitimidade, e, portanto, já não é reconhecido como o LUGAR COMUM DA SOCIEDADE, já não é aceite como o INTÉRPRETE PRIVILEGIADO DO INTERESSE GERAL (Por isso se “descobre” antipopulista.). Pelo contrário, surge, a grande parte da sociedade (ou do campo político), a uma maioria não orgânica que se lhe opõe (aparentemente à "direita” e à “esquerda”), como um abuso tecnocrático daquele lugar de interpretação do interesse geral. Nessa nova política de Centro, o lugar de negociação que pode dar a aparência de uma interpretação do interesse geral são as instâncias supranacionais. Negociação entre Estados empenhados em cavalgar a máquina capitalista para se afirmarem, ou sobreviverem, num contexto de intensa concorrência global . Negociação entre essas organizações supraestaduais e umas dezenas de empresas multinacionais. Neste contexto, estão a ganhar vantagem Estados com poderes políticos que não dependem de campos eleitorais concorrenciais (a estes chamam-lhes agora lideranças populistas, por oposição a “democracias liberais”, como a si mesmas se intitulam) para se legitimarem e terem o consenso social de que necessitam. Por isso, as oligarquias político-económicas da América estão em crise, e os “políticos” e tecnocratas da União Europeia não conseguem formas de organização coesas à escala de que necessitam.

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